Minha história com animes e cultura japonesa remete à meados da década de 1990, com a estreia de Os Cavaleiros do Zodíaco na extinta Rede Manchete. Àquela altura, com o raciocínio lógico limitado de uma pessoa transitando entre a infância e pré-adolescência, introduzia em minha mente o que saia da TV. Por sorte, saia dali (dos animes) um conteúdo de elevada qualidade o que, inconscientemente, ajudou-me em meus processos decisórios (veremos adiante, neste texto, como e porque).
Com o tempo e crescimento, comecei a apreciar a cultura japonesa e me introduzi voluntariamente a diferentes feitos do oriente, em destaque para os animes. Dentre estes, me debrucei sobre o já citado Os Cavaleiros do Zodíaco e também sobre Dragon Ball Z, os quais formam a base deste texto.
Neste artigo pretendo apontar valores morais e comportamentais que ali estavam os quais carreguei comigo para minha vida e carreira.
AVISO 1: Este é um texto que fará mais sentido ao leitor que conhece ambos os animes. Se você não se enquadra neste perfil, há um alto risco de achar o texto cansativo e, por vezes, sem sentido.
AVISO 2: !!!!!!!!!!!!!!!ALERTA DE SPOILER !!!!!!!!!!!!!!!
A Batalha das 12 Casas – Apanhando e seguindo em frente
Em um resumo relâmpago, a também conhecida “Saga dos Cavaleiros de Ouro” conduz os Cavaleiros de Bronze, guerreiros de terceira classe, na luta contra os Cavaleiros mais fortes (de Ouro), buscando à salvação da deusa Athena. São batalhas individuais, entre um cavaleiro de ouro (até então, “inimigos” dos heróis) e um cavaleiro de bronze. Nem mesmo em Rocky vs Drago encontramos surras tão colossais, como a de Shaka em Ikki, e sua reviravolta final (aqui você encontra a luta completa).
Para completar, os Cavaleiros de Bronze são constantemente lembrados pelos adversários como sendo inferiores, e que jamais teriam qualquer chance naquelas batalhas, e daqui me saiu um grande ensinamento: quanto se tem um propósito, não é preciso ter preparo (este virá com o tempo). A raça, o foco, o empenho e a luta, podem superar a força, ainda que ela esteja revestida em ouro.
Em outras palavras: de nada adianta a construção de um passado glorioso (ter conquistado a armadura de ouro), se no presente você não estiver a pleno vapor. O futuro não se constrói pelo passado, mas pelas ações do presente. Portanto, mais valia se encontra naquele “fraco e sem recursos”, cujos objetivos são claros e ambições bem definidas. Quando se tem um propósito, suporta-se qualquer tombo. Estas características positivas se faziam presentes em todos os Cavaleiros de Bronze os quais, por fim, atingiram ao objetivo e salvaram sua deusa Athena.
A saga de Cell – O desconhecido poder interior
Cell é o guerreiro perfeito: uma mistura celular de todos os pontos fortes dos guerreiros Z e seus inimigos. Com qualidades intocáveis, tinha sido construído à luz de uma tecnologia biomolecular de última geração. Ao final da saga, foi massacrado por um garoto de 11 anos com um gigantesco poder interior até então, desconhecido. O significado da palavra “poder” é amplo, e pode ser usado também no contexto de se conseguir executar determinada ação. E é assim que eu aprendi esta lição.
Cada indivíduo tem o poder de transformar sua vida e a dos que lhe rodeiam, sendo esta transformação positiva ou não. E o poder transformador de cada um supera em muito nossas crenças, como nos diz a já citada por aqui regra dos 40% dos Navy SEALs:
“The 40% rule is simple: When your mind is telling you that you’re done, that you’re exhausted, that you cannot possibly go any further, you’re only actually 40% done.”
Gohan, assim como muitos de nós, desconhecia a regra acima. Mas quando precisou chegar ao seu limite, o encontrou muito além do seu imaginário, nos 60% restantes.
Para fechar, destaco aqui a maneira como os Sayajins se desenvolvem e se fortalecem: apanhando, e se recuperando em seguida. E quantas vezes mais fracassamos, mais fortes voltamos. Conectando com o que nos ensinou Nassim Taleb, quanto maiores as surras da vida, antifrágeis por natureza, nos fortalecemos!
E no final de contas, o que fica?
Além dos aspectos já citados, é digno de nota que ambos os animes valorizam imensamente relações interpessoais com amigos e familiares. Desde Goku, Super Sayajin pela primeira vez após a morte de seu melhor amigo (Kuririn – video aqui), até o “malvadão” Ikki de Fênix, na saga de Asgard (video aqui):
“mas eu tenho amigos valiosos neste mundo com quem compartilho o tempo em que vivemos… se combatermos com esperança, qualquer sonho poderá ser transformado em realidade. Eu consigo acreditar nisso graças aos meus amigos.”
Depois de tudo, uma breve retomada nos aprendizados:
- Mesmo sendo soldados de classe baixa (Goku e Cavaleiros de Bronze), com metas claramente definidas, agindo com objetividade e disciplina, puderam superar oponentes mais fortes. Goku se tornou mais forte que o príncipe de sua raça. Seiya, sendo um cavaleiro de bronze, derrotou deuses (vide a espetacular saga de Hades). Nós também podemos superar nossos desafios!
- Família e amigos são o que mais importam nesta vida! Somente eles estarão com e por você nos momentos desastrosos que a vida inevitavelmente nos separa.
- Dê uma chance ao “mal humorado da sala ao lado”, pois ele pode se tornar um grande amigo/aliado. Ikki, da Ilha da Rainha da Morte, se tornou um dos principais cavaleiros de Bronze. Piccolo Daimaoh, de impiedoso assassino, deu sua vida para salvar Gohan (reveja este momento memorável aqui).
- Boas pessoas também cometem erros (vide Shion, de Aries, na Saga de Hades e o cavaleiro Saga, de Gêmeos nas Doze Casas). Apesar disso, buscam a redenção e reparação de seus mal-feitos, o que em geral superam o mal que causaram.
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Apanhar, fracassar e continuar. Cair, lutar e seguir em frente. Apanhar, fracassar e em última instância, VENCER. O ciclo sem fim do vencedor, impossibilitado de pular etapas. É altamente provável que você vá apanhar muito da vida. Mais que jamais imaginou aguentar, mas irá suportar (não se esqueça da regra dos 40% dos Navy SEAL).
CONTEÚDO ADICIONAL
Músicas para ouvir enquanto se lê o artigo:
- Angra – Saint Seya (Pegasus Fantasy)
- Cha la – Head Chala – uma versão impecável aqui
Indicação de jogo relacionado ao tema
- Dragon Ball Z: Kakarot (Novamente ele por aqui)
- Jump Force (apesar de belos gráficos, deixa a desejar no quesito diversão)
Filmes relacionados ao artigo
- Dragon Ball Z: saga dos Saiyajins
- Dragon Ball Super: Broly
- Toda a saga das Doze Casas – Cavaleiros do Zodíaco
- Toda a saga de Hades – Cavaleiros do Zodíaco