#12 – Meia maratona – Do zero aos 21km: do porque ao como, e o que aprendi

Domingo nublado, 21/11/2021, acordo cedo para correr. Esta não era uma corrida qualquer. Estava diante da principal meta que estabelecera até então: completar, em um percurso individual, meia maratona, pois isto me prepararia para a Volta Internacional da Pampulha que se aproximava. Em frente à linha de chegada que havia perseguido por anos, me deparo com grande desânimo pré-corrida, e diversos pensamentos que buscavam me desviar de tamanho consumo energético: i) “o percurso é muito longo”; ii) “e se você se machucar?” iii) “e se seu corpo não suportar tamanha distância?” iv) “seu video-game está ali, esperando. É só jogar. v) Hoje é domingo! Segunda-feira você vai…”

Estes e outros pensamentos buscavam a destituição de meu projeto, já que o cérebro basal (a parte cerebral instintiva) busca sobrevivência imediata. Ainda assim, fazendo uso do córtex pré-frontal, segui em frente com o plano previamente estabelecido e conclui a corrida.

Na linha de chegada, ninguém me aguardava. Nada me esperava. A meta meia-maratona havia sido previamente estabelecida por mim, e para mim. Portanto, era exatamente assim que deveria ter sido. Como em qualquer outra meta pessoal, a corrida de rua é uma “caminhada individual” em que você luta contra seus instintos primitivos. Você combate a vontade de desistir a cada passo, a cada hora, antes da corrida e nos dias que a seguem. A cada dor, a cada cãibra e a cada lesão.

Do outro lado da história, estão os ganhos provenientes da atividade física, como a boa disposição física para execução das tarefas cotidianas. Da produção energética maximizada, que facilita o raciocínio lógico (aqueles 20% …). Do fortalecimento do antifrágil corpo humano, que tende a ser mais longevo. Da endorfina liberada, do bom humor e da prevenção e combate à depressão, e noites de sono mais tranquilas e reparadoras. Da inigualável alegria da linha de chegada, a cada passo e a cada meta concluída. E o mais importante: do abraço da família ao chegar em casa. Do apoio incondicional do cônjuge, que lhe credita maiores valores do que você próprio (Érica, muito obrigado por isto! =]).

Diante do exposto, ficam claras as razões pelas quais esta meta foi perseguida por mim: no longo prazo os ganhos suplantam, consideravelmente, eventuais riscos e sacrifícios feitos.

COMO ME PREPAREI, E O QUE APRENDI

 – A PRIMEIRA CORRIDA: UMA HISTÓRIA DE FRACASSO EM MENOS DE 2KM

Comecei me preparando para uma corrida de 7.3km organizada em parte pelo meu amigo Paulo – Del Mundo Hostel. Naquele momento, estava sem me exercitar fisicamente por pelo menos 6 anos, de forma que não fui capaz de completar sequer 2km no primeiro treino. Frente à realidade, a primeira dúvida pairou no ar (“Será que eu conseguirei?”), a qual possuía duas respostas possíveis: i) “Não, você não consegue. ii) “Não é certo que você consiga. Mas é certo que você pode tentar. E se falhar, poderá tentar novamente em um futuro próximo”. Ao fim de contas, consegui completar a corrida, o que me deixou muito feliz.

O que aprendi com este processo é que precisamos começar, e começar com metas sutis. Temos a tendência de sobre-estimar o que podemos fazer no curto prazo, ao passo que subestimamos nosso potencial de longo prazo. Portanto, comece lentamente, mas tenha planos grandiosos.

 – DA CONSTANTE VONTADE DE DESISTIR

A cada passo, literalmente, seu corpo pede para você parar a corrida. Sua mente te engana, dizendo que não aguenta mais tanto esforço, e que é melhor abdicar deste plano. Isto acontece também a cada início de corrida. A cada esquina, a cada km completado. A cada micro dor muscular, ao suor escorrendo pelos olhos.

Para combater este ambiente, entendo ser necessário um prévio preparo mental: digo a mim mesmo ao início de cada corrida: i) que compreendo que a dor que enfrentarei é necessária para construção de um corpo mais forte e duradouro. ii) Lembro a mim mesmo da regra dos 40% dos Navy Seal e que, por mais que eu me esforce, ainda estarei muito longe do meu verdadeiro limite físico. iii) Digo ainda que, após as dores, encontrarei a alegria da endorfina liberada, de um relaxamento físico e mental pleno.

Por fim, durante a corrida foco sempre nos próximos 500m, esquecendo-me da distância total planejada. Isto me auxilia a manter o ritmo, o foco, e a não desanimar. Quebro uma grande meta em pequenos objetivos, que são facilmente alcançáveis.

 – AMBIENTE CHUVOSO NÃO É UMA DESCULPA PARA NÃO CORRER!

Sempre haverá uma desculpa para não fazer algo, ou um meio para fazê-lo. A você, cabe a escolha. Quando me deparo com um ambiente chuvoso, me lembro da primeira coisa que faço ao chegar em casa após a corrida: tomo um banho. Desta forma, qual é a diferença prática, se está chovendo ou não? Você chegará sujo em casa de qualquer forma.

 – CALÇADOS ADEQUADOS IMPORTAM

Dores nas costas, no tornozelo e no joelho podem ser amenizadas (e muitas vezes evitadas) com a utilização de um calçado adequado à corrida. Corridas são exercícios de alta intensidade aeróbica e mecânica (impactos constantes com o solo). Não negligencie o que você coloca no pé.

 – BUSQUE ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL: ELAS FAZEM A DIFERENÇA

É fundamental  que um checkup médico seja realizado previamente, pois infelizmente acontecem casos de morte entre os corredores que não se cuidam. A corrida é uma atividade que leva à uma frequência cardíaca razoavelmente próxima de sua frequência cardíaca máxima por um longo período de tempo. Em acréscimo, orientações com preparadores físicos e nutricionistas podem fazer a diferença em seu desempenho.

 – COMPARE-SE SOMENTE A SI MESMO

Não se compare com outros corredores. Cada um tem uma história de vida e um tempo útil para dedicar a esta paixão. Cada realidade se impõe de uma maneira diferente sobre cada ser humano. Deste modo, o verdadeiro desafio deve ser, sempre, vencer a si mesmo a cada dia. Vencer o melhor ritmo que você já alcançou, a maior distância que já percorreu. Conceda-se ao benefício de pequenas mudanças sutis diárias, as quais farão uma enorme diferença ao longo do tempo. Não desista de si, pois é sempre possível reverter a rota. É sempre possível começar com uma caminhada, e terminar em uma maratona.

"When you feel like giving up, remember why you held on for so long in the first place" (Autor desconhecido)

CONTEÚDO ADICIONAL

Imagens relacionadas ao artigo:

Músicas para ouvir enquanto se lê o artigo:

  • Toss a coin to your Witcher (Dan Vasc) – Sem relação com o tema, mas foi a música que tocou (esta versão) quando cruzei a linha dos 21km
  • Gentle Change – Angra
  • Castle of Glass – Linkin Park
  • If I could Fly – Helloween
 

Indicação de jogo relacionado ao tema

  • Olympic Summer Games – Atlanta’ 96 (Mega Drive)
  • Sonic Adventure 2 – Sega Dreamcast
 

Filmes relacionados ao artigo

  • Raça (2016)
  • A corrida da superação (2014)
  • Spirit of the marathon I e II (2007 e 2013)
  • Gun Runners (2015)

2 comentários sobre “#12 – Meia maratona – Do zero aos 21km: do porque ao como, e o que aprendi

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