#17 – Definição de Sucesso – Como saber se você “chegou lá” (e o que fazer depois disso)

I am enough

Miguel, 30 anos. Empresário do ramo da aviação civil, acumula milhas e dinheiro, que há muito não cabe mais no pote folheado à ouro, herança de seu bisavô. Joaquim, de mesma idade, acaba de ter seu primeiro mês positivo em seu empreendimento, um Café-brechó, que até aquele momento lhe custou todas as suas reservas de uma vida de trabalho. Dado o prolegômeno, aponto as questões que nortearão o texto a seguir:

1. Miguel é um homem de sucesso? E Joaquim? 

2. É possível medir o sucesso de uma pessoa? Se sim, com qual régua faço isso?

3. Podemos  comparar o sucesso de dois indivíduos? Se sim, como?

Se você acompanha meus textos mais antigos, é sabida minha admiração pelo trabalho e obra de Nassim N. Taleb (veja meus comentários sobre seus livros aqui), a quem abro espaço para endereçar estas perguntas:

“There is a single definition of success. Look at yourself in a mirror in the evening and wonder if you disappoint the person you were at 18, right before people get corrupted by life. Let him (or her) be the only judge, not your reputation, not your wealth, not your standing in the community, not the decorations on your lapel. If you do not feel ashamed, then you are successful.”

ou em tradução livre:

“Existe uma única definição de sucesso. Olhe-se no espelho à noite e se pergunte se você desapontou a pessoa que era aos 18 anos, pouco antes de as pessoas serem corrompidas pela vida. Deixe que ele (ou ela) seja O ÚNICO JUIZ, não sua reputação, não sua riqueza, não sua posição na comunidade, não as condecorações em sua lapela. Se você não se sentir envergonhado, então você é bem-sucedido.”

O vídeo com o discurso completo pode ser encontrado no link abaixo:

 

Ninguém deve usar a própria régua para medir o sucesso alheio. Em dualidade, você não deve usar a régua do vizinho para medir o seu sucesso. Pouco importa se o vizinho tem um carro importado, se o seu fusca orgulharia o seu eu do passado. Nada importam as viagens internacionais daquele colega que vive postando nas redes sociais, pois a sua realidade e história é única, e somente quantificável por si. Entre erros e acertos, o que importa é o bom e velho Memento Mori – Memento Vivere (link com um texto sobre o tema aqui), e em como você olhará para como você viveu a sua vida em instantes que antecederão a sua morte.

 

Tendo a definição de sucesso, você pode se perguntar: “Tá bom, sob a minha métrica, eu me considere bem (ou mal) sucedido. E depois disso?”

Em minha idade atual (35 anos), adiciono uma nova questão, para dar uma visão focal a esta questão:

“O que fazer para que o seu eu de 75 anos sinta orgulho em ter o seu eu de hoje como filho?”

A resposta a esta pergunta pode nortear as decisões a cada momento os quais, quando se compõem com os anos, definirão o destino do Samir de 75 anos (assumindo que eu chegarei lá…).

Retomando às perguntas iniciais deste texto, vamos ao gabarito:

1. Somente eles são capazes de mensurar, com a própria régua, se são ou não bem sucedidos. Cada um viveu uma história completamente diferente, com princípios e propósitos gerados a partir de uma experiência familiar e social única.

2. À minha ótica, a própria pessoa é a única capaz de mensurar o seu sucesso. Para isto, deve responder às questões levantadas neste texto, quais são: i) O seu eu de 18 anos se orgulharia de seu eu de agora? ii) O seu eu mais velho (75 anos) sentiria orgulho em ter você como filho? Se a sua resposta for sim para as duas questões, é provável que você possa se considerar uma pessoa bem sucedida.

3. Não podemos. Como já explicitei acima, a condição inicial de cada um é diferente. O ponto de partida não é igual. Cada indivíduo inicia sua vida a uma km/h, uns em percursos retilíneos, outros em percursos curvos e com severos obstáculos. Qualquer tentativa de comparação é injusta, e deve ser evitada, sob pena de mal julgamento de fatores desconhecidos.

Sendo você, à sua métrica, bem sucedido ou não, importa mais o que você fará com sua situação atual, a fim de orgulhar o seu eu da terceira idade. Não enterrar talentos é uma virtude tão importante quanto o próprio talento em si, e cabe a cada um de nós direcionar ao bem comum aquilo que nos foi dado. E, caso você se sinta envergonhado perante o seu eu de 18 anos, saiba que ainda há tempo de sobra para tornar orgulho sua versão de 75 anos, desde que a mudança comece a partir de hoje. Compare-se a si mesmo, sempre. E tenha sempre o anseio de se transformar em relação ao seu eu do dia anterior. Transformações machucam tanto quanto engrandecem, e como somos anti-frágeis (maiores informações aqui), não devemos temer a dor, mas sim procurar este caminho.

“Time is never time at all
You can never ever leave
Without leaving a piece of youth”

(The Smashing Pumpkings)

Samir Martins

CONTEÚDO ADICIONAL

Músicas para ouvir enquanto se lê o artigo:

  • Under Pressure (Queen)
  • The Last Words (Tuatha de Danann)
  • Tonight, Tonight (The Smashing Pumpkings)
 

Livros e textos que inspiraram o artigo:

  • Todos os livros de Nassim Taleb
  • Never Finished: Unshackle Your Mind and Win the War Within (David Goggins)
  • A revolução dos bichos – George Orwell

Indicações de jogos sobre o assunto

  • Record of Lodoss War-Deedlit in Wonder Labyrinth
  • The Witcher 2 – Assassins of Kings

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