Começo este post com esta foto, tirada após um café da manhã, ainda com a roupa que usei para dormir naquele dia. Sem me preocupar com supérfluos e estética, fui direto ao que me era devido àquele instante: meu momento de leitura diária, comumente aos inícios dos dias. Este é um hábito que adquiri e que tem auxiliado na construção de meu ser. Na foto comigo, Marcos Vinícius: razão primária da fundação e manutenção deste blog. Nestes momentos de leitura, passei por dois livros que inspiraram este post: Extreme Ownership (Responsabilidade Extrema) e Compound Effect (Efeito Composto), cujos resumos podem ser encontrados aqui.
São obras complementares, cuja principal mensagem, combinada e crua, é: assuma a responsabilidade sobre sua vida, construa hábitos diários, consistentes, e terá grandes aliados ao longo do tempo. Vamos, portanto, dividir esta conversa em duas partes: i) Auto responsabilidade e; ii) Tempo ao tempo: o efeito composto.
Auto responsabilidade
Vamos começar com uma metáfora. Carter e Paulo são dois jovens, nascidos em 2010. Carter nasceu em uma família rica, norte-americana. Paulo, por outro lado, é cidadão brasileiro, nascido em família de classe média-baixa, estrato de maior concentração de indivíduos no país. Ambos desejam, como meta de vida, se tornar Engenheiros e constituir uma família tradicional, com dois filhos. Vamos a alguns fatos os quais, por definição, independem de opiniões:
Fato 1: à par de eventos aleatórios que ocorram na vida de qualquer ser humano (como doenças e mortes inesperadas), é provável o caminho de Carter seja menos duro que o de Paulo.
Fato 2: o Fato 1 não altera, em nenhuma instância, o percurso de Paulo, mesmo que Paulo se coloque como vítima.
Fato 3: local de nascimento e condições iniciais como dinheiro e herança não são fatores controlados por ninguém. É parte da loteria da vida, que sempre será injusta e desigual.
Fato 4: lamentar o passado e as condições de início de vida não constrói o futuro desejado.
Saindo do campo dos Fatos e voltando ao da opinião: Paulo e Carter, com caminhos diferentes, ambos podem atingir os objetivos almejados. Mas para isto precisam se responsabilizar pelo seu próprio futuro, ao invés de culpar o sistema, o político corrupto, o vizinho que nasceu mais rico ou o colega de quarto que é mais bonito que eles.
A auto responsabilidade, no entanto, exige escolhas difíceis, que vão desde o paradoxo do marshmallow até a opção entre uma noite de estudos ou uma festa de república. Entre o pouco retorno imediato e a potencial recompensa valiosa, mas futura. Da opção pela fruta como sobremesa ao invés da torta de chocolate. Estas escolhas compostas pelo tempo e combinadas entre si te aproximarão (ou afastarão) de seu objetivo. E em comunhão com o tempo, que não volta atrás, o levarão exatamente para onde você mereceu estar.
A auto responsabilidade implica, portanto, em se posicionar à frente de suas escolhas, naquilo em que você tem poder de escolha, sem se preocupar com o que não é por você controlado. À exceção de casos patológicos, sempre será sua responsabilidade:
- Manter a forma física, no mínimo, dentro dos limites saudáveis.
- Como consequência, dispor de energia física e mental para execução dos afazeres diários com nível de excelência (próximo ao seu limite).
- Como consequência, dispor de energia física e mental para execução dos afazeres diários com nível de excelência (próximo ao seu limite).
- Estabelecer exercícios para manutenção da saúde mental.
- Construir os meios que permitam a você caminhar na busca de seus objetivos e, portanto, não aguardar que outros construam por você (ninguém irá fazer o que deve ser feito por você!)
- Não se colocar como vítima. O mundo sempre será injusto. Cabe a você buscar meios para alterar o que não concorda.
- Ao se vitimizar, você automaticamente transfere o poder de mudar sua vida para outros (pessoas ou governos), o que tira o seu poder de reação. Isto irá te remover da trilha que o leva até onde você tiver traçado.
- Auto responsabilidade te liberta do vitimismo. Como ônus, joga em seu colo a necessidade de agir. Dói, mas é libertador.
- Escolher o que consome. Se você não abastece seu carro no posto mais barato (por medo de gasolina adulterada), você não deveria ingerir qualquer tipo de alimento.
- Escolher entre a série da TV ou exercício físico diário.
- Executar ações que tornem seu cônjuge mais feliz, e o relacionamento mais saudável.
- Colher as recompensas do meio do caminho, que contribuirão para sua realização plena e para que você não desanime em um processo doloroso.
- Optar pela carreira desejada, e inclusive alterar a direção, caso a mesma não te complete.
- Construir seu patrimônio.
- Do exemplo acima: Paulo ter nascido pobre não o submete à pobreza por toda a vida. Suas escolhas determinarão quem ele é e o patrimônio que ele construirá, e estas são de sua responsabilidade. Nascer pobre advém da loteria da vida, e isto é incontrolável. Morrer pobre é, na maioria das vezes, fruto das escolhas feitas no meio do caminho.
Tempo ao tempo: o efeito composto
Diante de toda a discussão que já tivemos até aqui, um fato: qualquer que seja a sua realidade, ela não será alterada após a leitura deste artigo. Será preciso um longo tempo, fazendo pequenas e grandes escolhas corretas, para que você consiga sentir as coisas melhorando.
Paulo, do exemplo acima, não ficará rico do dia para a noite. Carter não se tornará um engenheiro sem apanhar (muito!) de sua calculadora HP e dos complexos cálculos envolvidos na profissão. Nenhum dos dois conquistará a mulher de seus sonhos imediatamente, sem construir um relacionamento a passos fortes, mas lentos e certeiros.
É fundamental ter consciência da ação desta variável (tempo) em nossa vida e escolhas. Isto impede o desânimo e auxilia na construção do raciocínio da recompensa de longo prazo (se ainda não leu, recomendo novamente o paradoxo do marshmallow – existem vídeos divertidos sobre o tema no youtube). Além dessa consciência temporal, quebrar a grande meta em pequenas conquistas diárias em geral funciona bem, principalmente quando acompanhada de pequenas recompensas (um pequeno “mimo” a cada micro-conquista) para não desanimar.
Outro ponto fundamental é: em geral, mudanças radicais, são tão intensas quanto breves, e tendem a não funcionar. Se você não está habituado a se exercitar, começar com uma corrida diária de 10km não é uma boa opção. Prefira uma caminhada de 20minutos, progredindo gradativamente à medida em que seu corpo se habitua. Se você não se acostumou ainda com a leitura diária, implantar um ritmo de 40 páginas diárias provavelmente fará você não ler nenhuma após um mês de tentativas e frustrações. Estas situações por vezes geram desânimo, o que atrapalha a consistência requerida das verdadeiras mudanças.
Em suma: dite seu próprio caminho. Mude de rota, se necessário, e assuma as rédeas de seu percurso e destino. Dê o tempo necessário para que as mudanças ocorram, mas não use-o como desculpas para não agir. Sua vida, sua responsabilidade. Seu tempo, seu maior bem: seu tesouro!
“The day you graduate from childhood to adulthood is the day you take full responsibility for you life” (JIM ROHN)
“Busque o que é significativo, não o que é conveniente” (JORDAN PETTERSON)
Um abraço,
Samir
CONTEÚDO ADICIONAL
Músicas para ouvir enquanto se lê o artigo:
- Tonight, Tonight – Smashing Pumpkins
- Sign of the Cross – Avantasia
- Silverseal – Elvenking
- Fear of the fallen – Helloween
- Vain Glory Opera – Edguy
Livros e textos que inspiraram o artigo:
- The Compound Effect – Jumpstart your income, your life, your success: Darren Hardy
- Extreme Ownership: How U.S. Navy Seals Lead and Win. Jocko Willink e Leif Babin
Indicação de jogo relacionado ao tema
- Dragon Ball Z: Kakarot
- To the Moon (um dos melhores que eu já joguei!)
Filmes relacionados ao artigo
- Rocky Balboa (Rocky VI e o restante da série)
- Homens de Honra
- Duelo de Titãs